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domingo, 23 de abril de 2017

Poemas Antigos - Descompasso



Não odeio o amor
Somente seu jeito prudente de amar
Como quem precisa dosar carinho,
Economizar encanto.


Sou intensa demais,
Não tenho habilidade com conta gotas,
Muito menos sei ser pela metade.

Portanto, meu bem,
Se não posso devorar-te,
Abro mão de ti
Para não desistir do amar.

Vá em busca de alguém
Que se contente com porções homeopáticas
E me deixe aqui com minha inteireza!

Amar é para os fortes.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Amor de Língua

(para meu moço, meu amor, meu)


Amo-te predicado meu
Mais que objeto
Menos que substantivo
Inteiramente sujeito

Amo-te por amar
Verbo que é
Carne que queima
Sossego de minh’alma

Amo-te sem regras
Apenas línguas nossas
Que se enroscam
e devoram

Amo-te com fervor
Necessidade além do amar
Transbordando horizontes invisíveis
Perpassada pela dor do intangível
Agulhas do tempo que não te vejo
Não te toco, cheiro, como, ouço...

Amo-te amor
Além do res do chão
Das incertezas, garrafas de vinho vazias
Bicicleta pendurada na garagem
Fotos inexistentes no mural
Livros solitários na estante

Amo-te
Nas nuvens do céu
Nas curvas das estradas
No vento de fim de tarde
Na calada da noite

Apenas amo-te, amor meu
Meu
Meu...

domingo, 16 de abril de 2017

Labirinto


Ah amor, espero por você desde sempre!
E nessa ânsia tresloucada
De procurar, achar e obter,
Perco-me por não compreender claramente
O que me falta de fato.

Sem saber quem tu és,
Busco por ti em muitos corpos,
Numa miríade de almas sedentas como eu,
Em turbilhões e vórtices de sentimentos.

Minha urgência em ter-te,
Impulsiona-me para paixões impossíveis,
Capazes apenas de me afastar ainda mais de ti.

Ah amor, onde estás?
Tudo costuma ir bem
Até perceber a inexistência
De um jeito encantador que sei ser só seu.
Tudo perde o brilho e meu ser anseia por seu olhar


Porque você, amor,
É meu
Antes mesmo de ser
E é só você que eu quero.

No fim, me compraz a dor de não encontrar-te,
numa espécie perversa de alívio misturada com esperança.

Ah amor!
Quando você chegar,
As loucuras, rebeldias e rixas perderão a graça!
Diante de ti, o sentido da minha arrogância,
Do orgulho de querer estar sempre certa
De não querer ceder,
Desaparecerá perante seu sorriso lindo.

Quero ser seu repouso e seu tormento!
Protegida e aquecida por tuas asas nos dias frios.
Entregue a ti durante a madrugada
Sedenta por seus beijos e faminta por sua pele
Será seu todo o carinho
Que jaz em mim há milênios.

É esse desejo que me move
E me mantem viva,
Nessa busca incessante por ti.
Porque você
É meu adorado!
Te amo mesmo sem saber.