Oi Reloginho,
Como você sabe, eu preciso escrever
É quase como respirar
Houve um tempo que eu acreditei que meus escritos
Eram inspirações e consolo para ti
Lamento perceber que não
Na verdade nem lamento
Não há sentido algum ressentir por algo impossivel
Relutei fazer aquilo que, há tempos, se mostrou ser o único caminho
Enfim consegui dar o primeiro passo
Desde, então,
Fui soterrada por uma avalanche de histórias
Ridiculamente banais
Visivelmente inverrossimeis
Um padrão explicitamente falso
Como não vi?
Sou uma tempestade de sentimentos
Você sentiu mil vezes
Meus risos, minhas lágrimas, minha ira e meu afeto
Então, desde que fui embora
O duelo de sensaões e imagens mentais foi feroz
Do lado iluminado, o som do riso leve que tão me encanta
O afago, o cuidado, a presença suave, o som do seu coração...
Nas sombras, as inconstancias
A incapacidade de perceber o impacto dos seus atos sobre mim, a crueldade...
Não foi uma luta longa
Bastou escutar sua voz colocando em palavras
Tudo aquilo que sempre foi um punhal roçando minha pele
Dessa vez cravou sem dó:
"Tu, eu não..."
Não consigo escrever.
O nocaute foi implacável
Fim do embate
Fim das dúvidas
Fim.
Mantive a esperança enquanto pude
Você escolheu o caminho inverso
Agradeço o aprendizado que tudo isso me trouxe
Não te odeio, nem te amo
Também não espero nada de ti
Talvez jamais seja capaz de entender
Que seu caminho tortuoso não me cabe
Ou, quem sabe, você realmente tentou?
A resposta não tem nenhuma importância.
Cada um colhe o que planta
Eu vou plantar no meu jardim
Miamar-Mamiar ficará como um trocadilho secreto
Ao menos isso.